Mãe! Eu volto a te ver na antiga salaonde uma noite te deixei sem faladizendo adeus como quem vai morrer.E me viste sumir pela neblina,porque a sina das mães é esta sina:amar, cuidar, criar, depois…perder.Perder o filho é como achar a morte.Perder o filho quando, grande e forte,já podia ampará-la e compensá-la.Mas nesse instante uma mulher bonita,sorrindo, o rouba; e a velha mãe aflitaainda se volta para abençoá-la.Assim parti, e nos abençoaste.Fui esquecer o bem que me ensinaste,fui para o mundo me deseducar.E tu ficaste num silêncio frio,olhando o leito que eu deixei vazio,cantando uma cantiga de ninar.Hoje volto coberto de poeirae te encontro quietinha na cadeira,a cabeça pendida sobre o peito.Quero beijarte a fronte, e não me atrevo.Quero acordar-te, mas não sei se devo,Não sinto que me caiba este direito.O direito de dar-te este desgosto,de te mostrar nas rugas do meu rostotoda a miséria que me aconteceu.E quando vires a expressão horrívelda minha máscara irreconhecível,minha voz rouca murmurar: "Sou eu".Eu bebi na taberna dos cretinos,eu brandi o punhal dos assassinos,eu andei pelo braço dos canalhas.Eu fui jogral em todas as comédias,eu fui vilão em todas as tragédias,eu fui covarde em todas as batalhas.Eu te esqueci: as mães são esquecidas.Vivi a vida, vivi muitas vidas,e só agora, quando chego ao fim,traído pela última esperança,e só agora, quando a dor me alcançalembro quem nunca se esqueceu de mim.Não! Eu devo voltar, ser esquecido.Mas que foi? De repente ouço um ruído;A cadeira rangeu;é tarde agora!Minha mãe se levanta abrindo os braçose, me envolvendo num milhão de abraços,rendendo graças, diz: "Meu filho", e chora.E chora e treme como fala e ri,e parece que Deus entrou aqui,em vez de o último dos condenados.E o seu pranto rolando em minha facequase é como se o Céu me perdoasse,me limpasse de todos os pecados.Mãe! Nos teus braços me transfiguro.Lembro que fui criança, que fui puro.Sim, tenho mãe! E esta ventura é tantaque eu compreendo o que significa:o filho é pobre, mas a mãe é rica!O filho é homem, mas a mãe é santa.Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,mas que me beija como agradecendotoda dor que por mim lhe foi causada.Dos mundos onde andei nada te trouxe,mas tu me olhas num olhar tão doceque, nada tendo, não te falta nada.Dia das Mães! É o dia da bondademaior que todo o mal da humanidadepurificada num amor fecundo.Por mais que o homem seja um ser mesquinho,enquanto a Mãe cantar junto a um bercinhocantará a esperança para o mundo!

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Sobre o Autor

Thiago Rosa
Thiago Rosa

Meu Nome é Thiago Rosa tenho 35 anos, residente em Itapeva - MG Sul de Minas e sou criador do site Chemical Music. Nosso site é voltado para todas as coisas relacionadas à música.

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