São Paulo seis de outubro de mil novecentos e setenta e sete
Meu bem,
Sei que já não se escreve mais carta de amor
Coisa boba, né?
Mas é que nem um telefonema nem uma dúzia de rosas
Nem um recado que eu mandasse, ou mesmo um…um abraço
um beijo, um olhar
Poderiam explicar realmente o quanto eu amo você
Eu amo você, sério. Eu amo você há muito tempo
Acho que mesmo antes de nós dois existirmos
Por isso que eu resolvi escrever esta carta
Como antigamente quando se amava de verdadeEu amo você, eu te amo, eu amo você, eu te amo
Eu te amo com o calor de mil desertos
Com a alegria das plantas quando chove
Com amor maior que a infinita distância entre a Terra e a estrela
Com a coragem de um pássaro fazendo seu ninho
Com medo do diabo diante da cruz, eu te amo
Eu te amo com a fantasia e o sonho do horizonte perdido
Te amo azul, te amo vermelho, te amo triste, te amo contente, te amo chorando
Eu te amo além das profecias eu te amo além do ano dois mil
Eu te muito mais, muito mais é o que você pensaAh! Como você está presente
No cigarro, na fumaça, no cinzeiro, no relógio, no espelho, na rua
Na chuva, no sol, na noite, no dia no nada em tudo
Como eu queria que você estivesse aqui
Conversar sobre coisas da vida ou sobre nada
Ficar calado te chamando de meu bem
Pegar na sua mão e sair pelas ruas compridas
Olhando as vitrines olhando as pessoas
Vendo a felicidade no rosto de todo mundo
Vendo a felicidade virar você
Te abraçar te beijar te amar, mas…
Que pena que você nunca vai ler essas palavras
Porque esta é mais uma carta que eu vou rasgar
Composição: Alberto Luis / Mourao Filho.
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