Pra onde é que foi, onde é que tá
A paz que tanto procuramo, onde é que tá
Cê pode me falar que eu já nem sei
As mães que choram pelos próprios filhos que se foramEu sei bem é triste ver os moleque no farol
Bebê que nem nasceu dentro de um vidro no formol
O bagulho é monstro, cê tá nos morro, então se esconde
Lá vem o caveirão com sede pra abater os bondeSobram tiros e mais tiros e balas traçantes
Em pleno meio-dia, toque de recolher
Os traficantes mandam aviso, hoje vai ter
Outro corpo de PM morto pra aparecer na TVTriste filme e quem escreve o roteiro não sou eu
Embora lá do céu, angustiado, escuta Deus
A oração da senhora que de joelho implora
Pelo amor, pelo amor, me tira daqui, quero ir emboraFoi louco, o papa veio em São Paulo e na Aparecida
Mas não desceu no Rio pra não expor a própria vida
E daqui da selva rochosa, escuto as palavras
Dou atenção pro irmão que do outro lado da muralha
Vem, me falaTô esperando a minha condicional
Quero estar com a minha mulher e meus filhos no Natal
Chega de desilusão, sofrimento e maldade
Resgatar do meu coração o que sobrou de bondadeIsso memo, não acaba aí, ainda tem estrada
E olha o que te digo, vai ser dura a caminhada
Mas aí, veja só, os moleque tão aí
Roubando pra caralho pra ter Golf GTIÉ assim, sei que cê não vai querer seu filho nessa
Dividindo com você um mínimo espaço de cela
A vida me mostrou que pra ser gladiador
Tem que ter muito mais que uma PT, um furadorTem que ter o que muitos não conhece, hombridade
Chegar nos quatro cantos da cidade
Falar olhando na bola do zóio só no psicológico
Mostrar que esse modo de agir é retrógradoJunta seus pedaços e vem pra arena
Hei, Mano Brown, na verdade cê tá mais do que certo
Quantos que no inferno que também fizeram igual a nóis
Inquérito e FC, face da morteConsciência humana, gog, hood, Dexter
No fronte de batalha onde o inimigo quer ver
O rap esmagado pra você não vale a pena
Brasil á fora de calça larga e bombetaÉ assim, várias vezes como eu discriminado
Nas porta giratória ou nas fila do mercado
Eu agradeço pela lealdade, porque não é moda
O nosso movimento incomoda, eu sei que é fodaBem diferente, truta, bota diferente, dos playboy
Que enche o cu de hidropôni e balinha nas rave
E sente sede vem cá que eu vou te dar
Água pra beber, não, sangue vai jorrar da sua bocaQuero sua Nissan, seu X-Box
Sua plasma importada, suas joia e seu cofre
Em troca da sua mãe de olhos vendado atravessando
A Dutra só com uma perna, diz pra mim, filho da putaQue o moleque que cê espancou com arte marcial
Tá entubado sob como induzido no hospital
Ou as sete mulheres que você atropelou
Cinco delas morreram e você nem sequer parouSua mente tá pesada são tantos seus pecados
Que nada, o que importa pra você é saber se teu jato
Já tá no ponto, pronto pra partir
Num importa se a favela chora, o que importa é você sorrirPor aqui, truta, eu vou parando
Quem sabe outro dia aqui das ruas eu possa, meus manos
Narrar um novo cotidiano menos violento
Sem falar de atrocidades, cadeias, enterrosQuantas vezes sangue, velórios de amigos
Pessoas que eu gostava que poderiam estar aqui comigo
Sinto ódio de mim mesmo quando vejo
Que tudo que foi escrito e foi dito não surtiu efeitoQuando percebo que o sonho de alguns favelados
É também ter uma Audi toda prata com os vidros filmado
Nem que for 157 ou pela vida do humilde
Manobrista na saída do hotel 5 estrelaLatrocínio em São Paulo é com frequência
Enquanto professores lutam por aumento com veemência
Chegam a apanhar de humilhados a ridículo
Pra da noite pro dia aprovarem pra políticosHã, reajuste exorbitantes
Isto sim é que incita o crime de modo operante
Ou deselegante no país do carnaval
Onde se encontra criança pra turismo sexualPelo amor do pai, ô, meu mestre, o que que há?
Vejo mães chorando pelos filhos que não vão voltar
Vejo mulheres, crianças nas portas das cadeias
Semblantes com esperança em meio à tristezaOlhei pro céu, tava azul, tava lindo
Acredite, encontrei no sorriso do mendigo
Um pouco de ternura e porque não ao mesmo tempo
Discredo, ódio pra mim serviu de exemploVixi, as flores do jardim viraram cinzas
Ainda tá longe de cicatrizar ferida
Quem sabe tudo isso por Deus acabe um dia
Hã, quem sabe um dia

Composição: Douglas.

Sobre o Autor

Thiago Rosa
Thiago Rosa

Meu Nome é Thiago Rosa tenho 35 anos, residente em Itapeva - MG Sul de Minas e sou criador do site Chemical Music. Nosso site é voltado para todas as coisas relacionadas à música.

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