Quando encilho meu mouro busco a volta e alço a perna
A alma xucra governa a ânsia bugra de andar
Talvez buscando um lugar pra erguer rancho e galpão
Um amor pro coração e alguns potros pra domarQuem tem alma de andejo traz a querência nos bastos
Carrega estrivos gastos de chegadas e partidas
Cevando as dores da vida, que tordilharam melenas
Redomoniando as penas nas madrugadas compridasPor certo quem traz saudades, invernada nos pessuelos
A solidão de sinuelo e um poncho tronpando geadas
Conhece a dor da estrada que vem roseteando o pêloUm mouro sacode a crina parecendo entender
Que a falta de um bem querer é a razão da estrada
Pra quem só tem madrugadas, e um sonho para viverQuem sabe alguma linda se agrade deste paisano
E tenha sonhos e planos e um amor pra me entregar
Um brilho terno no olhar e um cheiro de flor do campo
Um catre cheio de encantos e um mate pra me esperarSe Deus quiser ergo um rancho no fundo de um corredor
Para abrigar este amor destas garoas do agosto
Matear mirando este rosto na mansidão da morada
Deixando as léguas de estrada pra ser feliz neste posto
Composição: Jairo Lambari Fernandes.
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