Êh! Inaê,
Quem te magoou, Inaê?
Vou pedir malembe a Xangô.
Ago-iê!Inaê se apaixonou
Pelos olhos de Opelé
Que só desengano deixou
Remando contra a maré.
Ayacô, deusa da noite,
Quem roubou o seu amor,
Ferindo mais que um açoite,
Bulindo mais que uma dor.Êh! Inaê,
Quem te magoou, Inaê?
Vou pedir malembe a Xangô.
Ago-iê!Opelé, negro corisco,
Mensageiro de Ifá,
Deu seu braço, fez um risco;
Ayacô se fez luar.
Mas no rosto de Nanã
Reside um resto de fé.
Pegou o seu talismã
E chamou Oxumaré.Êh! Inaê,
Quem te magoou, Inaê?
Vou pedir malembe a Xangô.
Ago-iê!Oxumaré que sabia
De Inaê bebe a dor,
O céu até parecia
Pintado a lápis de cor.
No riso claro do dia,
Na mansidão da manhã,
A vida pra sempre sorria
No olhar de amor de Nanã.
Composição: Noca da Portela.
Sobre o Autor
0 Comentários